Nossa equipe recebeu um vídeo comovente que retrata a dura realidade de duas mulheres moradoras da região da Ponte Alta, que, após um dia exaustivo de trabalho, precisaram caminhar cerca de 8 quilômetros a pé para conseguir chegar em casa. A cena, além de impactante, escancara a dificuldade enfrentada diariamente por dezenas de moradores daquela localidade.
Uma região de beleza natural, mas esquecida pelo poder público
A Ponte Alta é uma área de rara beleza, marcada por vastas áreas verdes, trilhas ecológicas, fauna preservada e uma rica biodiversidade. Localizada entre os limites de Embu-Guaçu, Juquitiba e Itanhaém, o bairro é uma verdadeira joia natural do extremo sul da Região Metropolitana de São Paulo. No entanto, essa riqueza contrasta com a precariedade da infraestrutura e a ausência de serviços básicos, especialmente no que se refere ao transporte público e manutenção de estradas.
Apesar de oficialmente não pertencer integralmente ao município de Embu-Guaçu, a população da Ponte Alta utiliza majoritariamente as vias do município para se locomover até centros urbanos, escolas, comércios e hospitais. As principais estradas que cortam a região são de terra batida, cercadas por áreas de mata fechada, o que agrava a situação em períodos de chuva.
Estradas em estado crítico: realidade que se repete
Motoristas de transporte alternativo relataram ao Portal que as condições das estradas são péssimas. Buracos, lama e erosões dificultam a circulação dos veículos, deixando os moradores frequentemente isolados. Há quem precise andar até 10 km a pé em determinados trechos para acessar o transporte mais próximo — cenário que se repete há anos e que segue sem uma solução definitiva.
No entanto, segundo informações enviadas à nossa equipe, a Secretaria de Infraestrutura de Embu-Guaçu iniciou, no dia 2 de maio, uma operação de manutenção emergencial nas estradas da região, principalmente nos pontos utilizados pelas vans e carros de transporte coletivo.
De acordo com a própria Secretaria de Transporte, após essa ação, o transporte alternativo voltou a circular normalmente na Estrada do Mambu e em outras rotas de acesso. Ainda assim, os moradores seguem inseguros. Como a região é de mata densa e vias não asfaltadas, basta uma nova chuva para a situação voltar ao estágio crítico.
Distância, isolamento e falta de alternativas
Outro ponto crítico destacado é a distância entre os bairros: da região do Cipó até a Ponte Alta são cerca de 18 km, em um trajeto que, além de longo, pode se tornar intransitável em dias chuvosos. Essa distância aumenta o tempo de deslocamento e o cansaço físico, especialmente de quem precisa sair muito cedo para trabalhar e volta à noite, muitas vezes sem a garantia de transporte para o trecho final.
O que dizem os moradores?
Moradores cobram ações mais efetivas e duradouras. A sensação é de abandono. Muitos relatam que, ao longo dos anos, as melhorias acontecem apenas de forma pontual, sem planejamento a longo prazo. Alguns moradores tentam organizar abaixo-assinados e reivindicações, mas se queixam da falta de retorno por parte do poder público.
Conclusão: a urgência de olhar para a zona rural
A situação vivida pelas moradoras da Ponte Alta não é um caso isolado. Ela representa o cotidiano de muitas famílias que escolheram ou foram levadas a viver em áreas mais afastadas, onde a natureza predomina, mas a estrutura básica falta. A valorização dessas regiões precisa ir além dos discursos, com investimentos em estradas, transporte digno e políticas públicas que respeitem a população local.
Enquanto isso, a pergunta que ecoa nas estradas de terra é: até quando quem mora longe vai ter que andar tanto para ser notado?